Comumente recebo pedidos de consulta pois o exame do ASLO (Anticorpo Antiestreptolisina O) veio alterado em algum exame laboratorial.
Antes de entendermos se isso tem alguma importância, temos que entender o que esse exame testa. Este exame detecta a presença de ANTICORPOS CONTRA UMA TOXINA que é a estreptolina O, essa toxina é principalmente PRODUZIDA POR BACTÉRIAS CHAMADAS ESTREPTOCOCOS, que são causas frequentes de infecções de garganta (faringite/amigdalite) e podem levar a febre reumática.
É importante entendermos como o organismo produz um anticorpo e o que a presença dele significa. Ao entramos em contato com alguma toxina estranha ao organismo, nosso sistema imune, que é muito esperto, passa por diversas etapas de criação e adaptação até produzir um anticorpo de excelente qualidade, que tenha o formato exato para inativar exatamente essa toxina. Após o trabalho árduo de produzir e aperfeiçoar um anticorpo que age especificamente contra a toxina estranha, o sistema imune, novamente muito esperto, deixa gravado na sua células de memória como produzir esse anticorpo, para não precisar passar todo o trabalho de produção novamente e, se no futuro, entrar em contato com a mesma toxina, já está com a receita pronta e pode logo começar a produção dos anticorpos.
Portanto, voltando ao exame do ASLO, quando vem positivo, podemos concluir que o corpo tem anticorpos contra essa toxina produzidas pelas bactérias estreptococos. O que não significa que exista alguma doença, apenas que em algum momento da vida o individuo teve alguma infecção pela bactéria e criou anticorpos.
Dr. Guilherme Leví Tres
Médico Reumatologista
CRM 40041/ RQE 34862