A Síndrome Anti-fosfolípide ou Síndrome do Anticorpo Anti-Fosfolípide (SAAF) constitui um distúrbio auto-imune na coagulação do sangue que causa trombose (coagulação anormal) em artérias e veias, além de complicações na gravidez (abortos repetitivos, pressão alta e prematuridade do bebê). Esta síndrome ocorre devido à produção de anticorpos contra proteínas do próprio organismo (chamados de anticorpos anti-fosfolipídes) que são dosados no sangue através de exames laboratoriais.
Para a realização do diagnóstico correto é necessário que haja pelo menos uma manifestação clínica de trombose ou de complicações relacionadas à gravidez associados à presença dos auto-anticorpos detectados no sangue através de exames laboratoriais. Somente a presença dos anticorpos no sangue, sem as manifestações clínicas de trombose ou complicações relacionadas à gravidez não constituem a “SAAF”.
A manifestação de trombose pode ocorrer em qualquer vaso do organismo. No caso das veias, a trombose de membros inferiores é a de localização mais comum. Clinicamente observamos: dor, inchaço e vermelhidão na perna afetada. No caso de trombose do sistema arterial, a manifestação mais comum é de derrame cerebral (AVC: acidente vascular cerebral).
O termo “Síndrome Anti-fosfolípide Primária” é utilizado quando as manifestações da síndrome ocorrem de forma independente, sem a concomitância de outras doenças auto-imunes. Menos frequentemente pacientes com “SAAF” primária podem vir a desenvolver o Lúpus Eritematoso Sistêmico
O termo “Síndrome Anti-fosfolípide Secundária” é utilizado quando as manifestações da síndrome ocorrem concomitantemente com outras doenças auto-imunes como o Lúpus Eritematoso Sistêmico.
A Síndrome Anti-fosfolípide Catastrófica é uma forma muito rara e grave da “SAAF”. Ocorrem múltiplas tromboses difusas em vasos pequenos, podendo evoluir para a disfunção de múltiplos órgãos.
O tratamento desta doença é feito com inibidores da ativação plaquetária e/ou com anti-coagulantes. O objetivo do tratamento é o de evitar novos episódios de tromboses. O controle do uso do anti-coagulante é feito através de um exame laboratorial chamado INR. Geralmente tenta-se manter o INR entre 2.0-3.0, mas variações individuais podem ser necessárias. O controle do uso desta medicação com o INR é muito importante, pois níveis abaixo de 2.0 podem não estar protegendo os pacientes de novos episódios de trombose. De forma oposta, níveis de INR maiores que 3.0 podem propiciar sangramentos. É preciso estar atento a isso, já que muitos medicamentos e até mesmo a alimentação podem aumentar ou diminuir o INR, mesmo que o paciente esteja tomando a mesma dosagem do remédio. Durante a gravidez, um anti-coagulante diferente é utilizado (subcutâneo), em virtude da teratogenicidade dos anti-coagulantes orais. O tabagismo e o uso de medicamentos que contém estrogênio estão contra-indicados.
Fonte: Sociedade Brasileira de Reumatologia (https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/sindrome-anti-fosfolipide/)
Médico especializado no diagnóstico e tratamento de doenças
que afetam os ossos e as articulações, além de doenças
autoimunes sistêmicas, comumente referidas como doenças reumáticas.
CRM/RS 40041
Clínica Médica RQE 31023
Reumatologia RQE 34862